quarta-feira, 27 de agosto de 2014

O resgate (baseado em uma história real)



Amanda é uma mulher bonita, festeira, alegre. Ela tem dois filhos lindos. O mais novo ainda mama no peito.

Um dia, Amanda estava voltando para casa de carro com o seu marido, quando viu, sentada no chão, uma mulher nitidamente drogada, com um bebê muito magro nos braços. Ela ficou perturbada. Seu coração de mãe gritou no peito e ela pediu ao marido que parasse o carro. Foi andando até a mulher, tirou 10 reais da carteira e entregou para ela, dizendo:

– Tome, compre leite para o seu filho. Ele está visivelmente com fome.

Sem esboçar nenhum sentimento, a mulher pegou o dinheiro e agradeceu.

Amanda voltou para o carro e partiu. Mas seu coração de mãe também se partiu em mil pedaços. O grito acabou escapando do peito:

– Para!!! Para o carro!!! Pelo amor de Deus, volte! Eu preciso voltar lá! Eu preciso pegar aquele menino!!!

O marido disse que não, que ela estava louca, que ele não voltaria. Amanda insistiu, berrou, esperneou, disse que, se ele não voltasse, ela sairia do carro e voltaria lá sozinha. A insistência foi tanta, o desespero foi tão grande, que o marido não teve escolha a não ser dar meia volta.

Pararam novamente na rua em que a mulher estava. Amanda saiu do carro, andou a passos largos na direção dela. Chegando lá, em um impulso feroz, tirou o bebê das mãos da mulher e começou a gritar:

– Como você pode deixar o seu filho nesse estado??? Como você pode vê-lo tão magro, tão faminto, e não alimentá-lo???

A mulher, alterada pelas drogas, esbravejou:

– Você quer esse troço para você? Então leve!!! Leve!!! Isso aí só me atrapalha!!! É um peso na minha vida!!!

Um grupo de pessoas começou a se aglomerar a sua volta. Amanda olhou para o bebê. Ele era tão frágil, tão magro, que era possível contar os ossos de suas costelas. O instinto materno (de Amanda, não da mulher) falou mais alto do que qualquer coisa. Ela puxou a camisa para o lado, colocou o seio para fora e começou a amamenta-lo. O bebê sugou seu seio tão desesperadamente, com tanta vontade, com tanta fome, que Amanda não se conteve e gritou novamente:

– Irresponsável!!! Como pôde? Como pôde???

– Fique com ele então! Leve esse negócio daqui!!! – vociferava a mulher.

– Vou levá-lo mesmo!!!

Amanda deu as costas para a mulher e voltou para o carro com o bebê grudado em seu peito.

A partir dali, começou uma saga que levaria Amanda a passar pelo juizado de menores, por alguns advogados, até chegar ao tribunal. No dia da audiência, na frente do juiz, na presença da mãe biológica do bebê e de todos os demais, Amanda mais uma vez colocou o menino para mamar em seu peito enquanto dizia:

– Senhor juiz. A mãe verdadeira deste menino sou eu! Ele é MEU filho! Sou eu quem o alimento! Eu dou a ele carinho, colo, afeto e tudo o que ele precisa! Eu amo essa criança!

A mãe biológica não fez sequer um pequeno esforço para ficar com o bebê. Confirmou com sua indiferença tudo o que Amanda dizia.

O juiz não precisou pensar duas vezes. Concedeu a guarda da criança a Amanda e deu o caso por encerrado.

Hoje, Pedrinho tem 3 anos, uma casa, uma mãe, um pai, dois irmãos, uma família que o ama mais que tudo, muitos brinquedos e uma energia de cansar qualquer um. Ele é forte, feliz e muito, muito amado! Seus pais se separaram, mas continuam lhe dando todo o amor do mundo e tudo o que uma criança precisa para crescer feliz e saudável.

Ouvi hoje essa história e fiquei tão emocionada, que não pude deixar de contá-la. Os nomes são fictícios e há pequenos floreios meus, mas os acontecimentos são reais. Vi as fotos do Pedrinho, da Amanda, dos irmãos, de toda a família. Eram tantos sorrisos! Amanda ganhou a minha eterna admiração. Estou certa de que, desde aquela primeira mamada, na rua, no dia em que Amanda encontrou Pedrinho, ela o resgatou da miséria e até mesmo da morte. Sou extremamente a favor da adoção, e espero que, assim como Amanda, muitas mães abram seus corações e deixem brotar neles o sorriso de crianças que estão aguardando para também serem resgatadas.

Compartilhem essa história para inspirar as pessoas e, quem sabe assim, teremos mais Amandas no mundo, distribuindo e sendo cada vez mais e mais e mais amor.


domingo, 10 de agosto de 2014

Paternidade




Ultimamente, tenho percebido uma onda muito positiva em relação aos assuntos que envolvem a paternidade. Muitos pais lançaram blogs com dicas e histórias geniais sobre suas experiências com os filhos. Leio várias coisas com as quais concordo e outras tantas que acho estranhas, mas, de uma forma geral eu fico muito feliz em ver que tem muitos homens por aí compreendendo que pai não é só aquele cara legal que fica ali do lado para “ajudar”.

Amo os homens que vivem cada minutinho da paternidade, desde a gravidez até aquele momento, anos depois, em que ele vai abrir os braços para um filho adulto em conflito, mas que ainda cabe no seu colo. Amo os homens que estudam as formas de parir, defendem parto normal porque sabem de todos os benefícios que ele agrega na vida da mãe e do bebê, que leem e estudam sobre nutrição, educação, higiene, saúde, porque se preocupam em como cuidar de seus filhos. Amo os homens que acordam de noite para pegar o menino chorando no berço, não apenas porque sabem que a mãe está esgotada, mas porque compreendem que isso deve ser feito mesmo e ponto final. Amo os homens que veem o filho chateado e sentam do lado dele para saber o que aconteceu e dar todo o seu apoio, seu colo, seus conselhos. Amo aquele pai que faz coreografia nos 15 anos da filha sem medo de ser feliz e acaba se tornando o pai mais legal da turma. E que depois faz outra coreografia no casamento e continua sendo muito legal! Amo os pais que administram os conflitos, que tomam as rédeas das situações, que formam um time imbatível junto com a mãe, e não apenas sentam no sofá e dizem: “resolva lá, na moral...”.

Essa história do “papel do pai” me deixa chateada, porque, na minha opinião, não existem papéis. É tudo uma coisa só. A única diferença é biológica. É a mãe que dá à luz... é a mãe que amamenta. Obviamente que o bebê e a mãe têm laços mais estreitos no começo, por conta do peito, do cheiro, da presença mais constante da mãe, pois, afinal, eles eram um só corpo uns dias atrás. Mas, fora essas questões da mãe natureza, o pai e a mãe têm responsabilidades iguais sobre o rebento.

Quando leio ou escuto alguma mulher dizendo: “Meu marido é ótimo! Ele me ajuda muito com o Joãozinho!” me dá um leve faniquito. Pai não é um secretário. Pai é pai, poxa. Ele não ajuda a mãe... ele respira, come, dorme e lambe a cria, ele se derrete com as risadas, ele chora com as cólicas, ele tira satisfações com o pai do coleguinha que bateu no seu menino, ele escuta e guarda segredos, ele morre de medo quando o menino tem febre e sai correndo para levá-lo ao médico, ele faz o almoço, ele ajuda na lição, ele dá banho, ele faz questão de conhecer os amigos do filho e seus pais, ele participa dos eventos, ele se preocupa de verdade com os sentimentos do filho... e ele divide com a mãe os afazeres domésticos, as dores e os prazeres desta experiência linda que é ter uma família.

Eu não me lembro das fraldas trocadas. Mas eu me lembro de quando meu pai me ensinou a andar de bicicleta, de quando ele me levou e me buscou MIL vezes nas festinhas de adolescente, mesmo às 2 horas da manhã, de quando ele me viu sofrendo de amor e chorou, chorou mesmo, junto comigo, de quando ele me deu umas boas broncas construtivas que me ajudaram demais a moldar o meu caráter, de quando ele chegou em casa feliz da vida contando para minha mãe que eu tirei notas boas na escola nova, de quando ele dançou valsa comigo em minha formatura, de quando ele desabafou comigo em momentos de conflito e ouviu atentamente as minhas opiniões, e de quando ele me olhou e disse “eu te entendo e estou do seu lado”. Meu pai sempre foi um paizão! Ele não cumpriu um papel... ele viveu e sentiu, no corpo e na alma, o ser pai. E, junto com minha mãe, eles formaram um time incrível!

Obrigada, pai, por cada sacrifício feito por mim, e por toda a felicidade que você me dá. Obrigada, mãe, por ter escolhido esse pai para mim (que, além de paizão, é um maridão e um gato! mandou bem, mãe!). Eu gostaria que todo mundo no mundo pudesse ter um pai como o meu, para ser mais feliz, para ser amparado, cuidado, acarinhado, educado, compreendido, embalado...
... para ser mais amor!

Feliz dia dos pais!

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Amar é uma arte

Há de se pintar todos os dias a tela com cores variadas. Uma aquarela de riso, abraço, beijo, afago, amor, carinho e atenção. De entendimentos e até de brabezas, pois, sem os cinzas, os amarelos não seriam tão felizes.

Há de se dançar todos os ritmos. Uma coreografia envolvente de braços e pernas, o tango dos lábios, o samba dos corações, o bolero dos cabelos amassados pela manhã, o zouk malemolente de olhares, o balé das mãos, todos os dias, dois para lá e dois para cá.

 Há de se cantar todos os estilos. Às vezes seremos pop, às vezes, super funk. Em alguns dias seremos rock’n roll e, em outros, bastante MPB. Então acordaremos um dia internacionais e poderemos até, por que não, passarmos o dia bregas, para dormirmos bem românticos.

Há de se interpretar sem fingimentos. Que os dramas sejam bem chorados, e as comédias nos façam rir até doer a barriga. Que o suspense nos acelere o coração e a ação nos tire o fôlego. E que no final, sejamos felizes para sempre.

E, enfim, seremos sempre escultores. Esculpindo a argila, dia a dia, consertando as imperfeições, moldando as curvas, alisando as bordas, criando profundidade... até o dia em que secaremos e então nosso amor será jarro de enfeite na prateleira da vida.

Que assim seja...
para sermos sempre mais amor.